Há muito por trás das críticas dos países centrais (Estados unidos e União Européia) feitas ao acordo firmado entre Irã e a Turquia, que foi chancelado pelo Brasil. Estes países, que durante muito tempo comandaram os destinos do planeta através da força, ainda se consideram os “donos“ do mundo.
Entre os aspectos mais importantes do que está oculto na intenção das “potências” mundiais, há a tentativa de manter o monopólio nuclear. É bom lembrar o maior arsenal atômico utilizável dos dias atuais está em mãos desses países. Contando com os arsenais dos Estados Unidos, Inglaterra e França, há mais de seis mil ogivas nucleares prontas para disparo.
A Rússia tem um número semelhante de artefatos, mas dificilmente a maior parte deles está em boas condições, em função dos problemas políticos e econômicos que o país atravessou, depois da extinção da União Soviética. China, Índia e Paquistão não detêm mais do que umas trezentas ogivas e o outro país nuclear é Israel, que no jogo internacional joga no time da aliança Europa e Estados Unidos.
Mesmo que esses países sofram o declínio relativo das suas economias frente aos emergentes, eles poderão manter o seu poder mundial através da ameaça militar. Aliás, 90% do poder militar do mundo estão nas mãos da OTAN.
Esse panorama desequilibra o mundo. Coloca as outras nações em um estado de permanente ameaça, mesmo que na propaganda oficial os países centrais tentem se colocar como “responsáveis”, ou seja, paternalisticamente dizem ao resto do mundo que eles saberão usar bem o seu poder.
Trata-se de uma falácia, pois nunca o emprego de um artefato nuclear será uma ação responsável. Sempre será um crime, como foi quando os norte-americanos lançaram as duas bombas sobre o Japão. Dois atos criminosos contra a humanidade, que deveriam ser julgados por um tribunal internacional.
Portanto, o simples fato de armazenar armas nucleares demonstra a má fé dos seus proprietários e por si só já um crime contra a humanidade. Se houvesse responsabilidade desses países, eles seriam os primeiros sugerir acordos, fiscalizados por uma comissão de países independentes, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, que, como todos sabem, é dominado pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial.
Sem o desarmamento, pressionar o Irã é hipocrisia. Na verdade é o alinhamento a intenções históricas da aliança que hoje domina o mundo e que pretende estabelecer alguns fatos irreversíveis no oriente médio: a hegemonia militar de Israel, a manutenção dos países árabes em um estado semi-colonial e o controle das principais fontes de petróleo do planeta.
Esse último propósito estratégico das potências centrais acende uma luz vermelha no horizonte estratégico do Brasil. Provavelmente os Estados Unidos já desenvolvem estratégias para controlar as ricas jazidas petrolíferas do pré-sal. Essa ameaça só estará afastada em longo prazo, se o Brasil e seus parceiros emergentes conseguirem criar uma nova ordem mundial multipolar e na qual o uso da força, por quem for, seja visto como um crime contra a humanidade.
A imprensa brasileira se posiciona, na sua maioria, contra a estratégia brasileira, que visa a paz e os acordos, porque as principais empresas brasileiras do setor são comandadas por capitalistas, que privilegiam seus lucros à qualquer idéia de projeto nacional. Para eles o que é importante é a sua conta bancária e não o Brasil se afirmar como um país capaz de oferecer bem estar e esperança para o seu povo.
Esta é a mesma razão que leva gente como Piñera, recém eleito no Chile, a se alinhar com a ordem mundial. Ele é acima de tudo um capitalista interessado em lucros. Para garantir o aumento de sua conta bancária, ele não terá dúvidas em governar para atrofiar as forças produtivas do seu país, se isso garantir o aumento de sua conta bancária.
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