terça-feira, 30 de março de 2010

Seriedade para enganar

Eles parecem senhores (senhoras) muito sérios, muito compenetrados. Ternos sóbrios, roupas femininas formais, cabelos masculinos e femininos clássicos. Pela forma à qual se apresentam, procuram transmitir que o que falam é verdade e não há nenhum subterfúgio por traz do que dizem.
Assim, com uma aparência muito digna, extremamente respeitosa, os apresentadores dos principais jornais da TV Globo e da Globonews, tentam enganar os brasileiros, para que eles acreditem que a versão dos fatos apresentada por eles é a verdade.
Uma das obras primas do cinema, "O homem que matou o facínora", ensina que o jornalismo não trata necessariamente da verdade, mas de versões do que acontece. A verdade nem sempre é publicada ou vai ao ar, na maioria das vezes sacrificada por versões que vendem mais a notícia. Há também o sacrifício da verdade por interesses econômicos e políticos. Um exemplo do sacrifício econômico acorreu na cobertura inicial do naufrágio do Exxon Valdez, no Alasca, um acidente que quase destruiu um importante sistema ecológico. No início, as notícias afirmavam que havia sido um incidente de pequena monta, apenas digno de notas de pé de página. A verdadeira dimensão da tragédia só alcançou as primeiras páginas, depois que entidades de ambientalistas realizaram manifestações e divulgaram filmes independentes no local, com imagens chocantes da destruição da fauna, inclusive tendo inesquecíveis sequências de focas e aves cobertas por camadas de petróleo.
Na política, os brasileiros já se acostumaram a ver a cobertura parcial e engajada da Globo em sucessivas eleições. Ganhou com Fernando Collor e Fernando Henrique; perdeu duas para Lula.
Não há nada de errado em um veículo de comunicação assumir uma posição política. O que é errado é esconder essa posição política dos seus leitores e expectadores. Essa atitude é evitada nas democracias mais consolidadas, como Estados Unidos, países da Europa Ocidental e Japão, onde os veículos assumem publicamente suas escolhas políticas, sem procurar enganar os eleitores.
No Brasil os veículos não se preocupam em informar o público de suas posições políticas e se apresentam como "neutros". Essa atitude engana os consumidores desses veículos e permite a prática sutil, porém aberta, de campanha eleitoral.
Normalmente essa prática não atinge as camadas econômicas mais baixas, pois esse público constituído pela maioria dos brasileiros não consome esses meios de comunicação ou simplesmente não acredita neles, pois suas notícias entram em contradição com as suas referências de vida.
O publico influenciado é o setor culturalmente deficiente da classe média, constituído de pessoas que só obtém as suas referências do mundo através de meios de comunicação que divulgam informações com baixo nível de profundidade analítica, como a revista Veja, o jornal Folha de São Paulo e a Globo. São pessoas que não lêem livros, nem consomem produtos culturais mais elaborados e são gradativamente transformados na massa de manobra dos partidos conservadores, como o PSDB e o DEM.
Sob a aparência de procedimentos sérios, os comentaristas dos veículos citados proferem informações distorcidas e análises equivocadas, destinadas mais a influenciar do que a informar. Os comentaristas sérios; que não se enquadram nesse modelo, como Emir Sader; são evitados ou afastados, quando não se enquadram aos propósitos das empresas de comunicação.

Nenhum comentário: