quarta-feira, 17 de março de 2010

Lula leva confiança e negócios para o Oriente Médio

A maioria dos jornalistas brasileiros é miserávelmente despreparada, mesmo quando são figuras conhecidas e importantes nos seus veículos. Exemplos são a Mirian Leitão que é risível nos seus comentários sobre economia, pois não passa de uma espécie de papagaio repetidor das bobagens dos economistas mauricinho-neo-liberais, estilo Armínio Fraga e Eduardo Gianetti.
Como diz Bresser Pereira, os economistas neo-liberais são um desastre. Com a crise eles ficaram, no mínimo, obsoletos.
Tem também o Boechat, um colunista social promovido a "âncora", que quer falar de tudo e não entende nada.
Eles e muitos mais representam os preconceitos e o cinismo da classe média alta brasileira, um pessoal que tem dinheiro pra comprar revistas e os produtos da publicidade. Por isso esses veículos vendem.
Porém, não é esse o assunto deste post. A intenção é comentar as idiotices que sairam na imprensa sobre a viagem do presidente Lula ao Oriente Médio. É perceptível a intenção de desqualificar a viagem, sob o argumento de que o Governo Brasileiro não poderá ser aceito como interlocutor, pois é alinhado com o Irã. Argumentam também que o presidente "deveria conhecer mais sobre o conflito, antes de se meter no assunto" (plavras de Ricardo Boechat, na rádio BandNews).
É evidente que nehum deles entende bem do assunto, não sabe por exemplo que o problema tem raízes na Idade Média, com as cruzadas e foi agudizado com o colonialismo mais recente. O estado de Israel, para muitoa árabes, é a ponta de lança do colonialismo ocidental.
Qualquer pessoa de cultura médiana pode entender que um país, como o Brasil, que foi colônia e vítima do colonialismo, pode despertar muito mais confiança nos países árabes.
Já os israelenses, por um lado, mantém uma relação econômica crescente e altamente lucrativa com o Brasil. Praticamente todo o desenvolvimento de alta tecnologia das forças armadas brasileiras é comprado do estado judeu. De outro lado, a sociedade israelense é extremamente complexa e dividida. O país foi fundado por uma geração de grandes figuras, na maioria europeus que fugiam no nazismo. Os principais políticos responsáveis pela criação de israel são socialistas de imensa dignidade e equilíbrio. Eles foram à guerra, obrigados pelas circunstâncias, às vezes de forma implacável, mas sempre buscaram a paz.
O Brasil fala para essas pessoas que querem a paz em Israel. No entanto, o governo brasileiro também precisa estar consciente de que parte da liderança judaica não quer a verdadeira estabilização da situação, seja por motivos econômicos - a guerra gera lucros - como por estarem alinhados à política fundamental dos Estados unidos para a região: manter um permanente estado de instabilidade.
Quem já leu George Friedman entende esta política norte-americana. Friedman foi funcionário de alta patente do Departamento de Defesa dos EUA e participou de vários episódios importantes da história recente. Hoje é sócio de uma empresa especializada em temas estratégicos. No livro que lançou recentemente, "Os próximos 100 anos", ele explica que os Estados Unidos não invadiram o Iraque porque querem paz, eles estão lá para cultivar a instabilidade na região. Com isso mantém o controle regional, por um custo final relativamente barato.
O Brasil não está incluído nessa equação, de estender uma mão, com um punhal escondido na outra. O país tem a confiança dos árabes e Lula cativa os líderes socialistas judeus, que representam metade da população do país. Além disso leva nas mãos boas oportunidades de comércio com o Mercosul, para todos os países da região. É muito mais do que podem oferecer os países do G7, que monopolizam as negociações, sempre sob suspeita de interesses escusos.
De fato, o Brasil é novidade, só não vê quem está mal intencionado ou sofre de uma profunda síndrome de vira-latas.

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